Aproveitando o momento sai preguiça desse corpo que não te pertence (vai mas volta), vou postar umas fotinhos que tiramos em Montreal pra matar a saudade...tem mais um montão, mas por enquanto, por questões de privacidade vou postando aquelas que nao aparecemos. A descrição copiei do Wikipédia .
Habitat 67
Habitat 67 est un ensemble de logement situé à Montréal sur le quai Marc-Drouin, qui longe le fleuve Saint-Laurent. Construit dans les années 1960 dans le cadre d'Expo 67, le bâtiment a apporté une notoriété mondiale à son créateur.
Le chantier démarra en 1965 et dura trente mois. Financé par la Société canadienne d'hypothèque et de logement (SCHL), Habitat 67 a d'abord abrité les visiteurs d'Expo 67. Les logements ont ensuite été loués par le gouvernement fédéral, puis les locataires regroupés en copropriété ont acheté leurs appartements en décembre 1985.
Le 27 mars 2009, la ministre de la Culture, des Communications et de la Condition féminine du Québec, Christine St-Pierre, annonçait que Habitat 67 serait désormais classé « monument historique » par le gouvernement du Québec. Il devient ainsi le premier édifice moderne à obtenir cette reconnaissance du gouvernement.
Situé à proximité du centre ville, entre le pont de la Concorde et le pont Victoria, Habitat 67 est constitué de cinq sous-ensembles, les trois plus grands faisant face à l'avenue Pierre Dupuy, deux autres donnant sur le Saint-Laurent.
Pont Jacques-Cartier
Le pont Jacques-Cartier enjambe le fleuve Saint-Laurent entre l'île de Montréal et la ville de Longueuil sur la rive sud. Environ 34,7 millions de véhicules empruntent le pont Jacques-Cartier chaque année.
Biosphère
La Biosphère d'Environnement Canada est un musée de l'environnement situé sur l'île Sainte-Hélène à Montréal, dans l'ancien pavillon des États-Unis de l'Expo 67. La conception du dôme géodésique de la Biosphère, le plus imposant du genre au monde, est due à l'architecte Richard Buckminster Fuller.
Ai, ai...nostalgia total ver as fotinhos da viagem...é tudo tão lindo...especialmente essa parte do Vieux-Montréal e td que é pertinho do Saint-Laurent! Quero muito ver como fica isso cobertinho de neve...soon!
À bientôt!
Blog criado pra reunir informações sobre Imigração e pra descrever as nossas aventuras, agora direto de Montréal...c'est vrai, on est la!!!
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Carta de um sumido
O blog é do casal, mas, até agora, só euzinha tinha escrito aqui...
Agora o marido deixou a preguiça de lado e resolveu começar a postar suas impressões sobre tudo e sobre todos...hehe
Voilà!
Oi pessoal, estou chegando agora. Peço desculpas a minha amada esposa por não ter escrito nada antes no nosso blog.
Já passamos por muitas coisas no processo de imigração, inicio do francês, ida ao Quebec, entrevista, preenchimento de documentação federal e agora o início da FRANCISATION EN LIGNE. A seguir falarei um pouco de cada assunto.
• A escolha de imigrar para o Canadá: Na vida todos temos sonhos e “sonho que se sonha junto é realidade”. Quando falo isso é porque eu e minha esposa sempre tivemos o desejo de morar em outro país, mas não sabíamos como. Eu cheguei a pensar em moral ilegal na Nova Zelândia, colhendo Kiwi, legal Né? Trabalhando e dormindo na rua, pois não sabia nada de inglês e nada sobre o país. Bem, ainda bem que mudei de pensamento, isso graças a ela(esposa). Quando um amigo disse ter vindo do Canadá e tinha adorado, pois eles davam muita oportunidade para os imigrantes, ops! Pensei em ir para lá ilegal mesmo e trabalhar por uns trocos e voltar para o Brasil. Legal né? Mas mais uma vez a mente sábia da minha esposa me fez refletir.BUMMMMMM. Foi aí que descobrimos o processo de imigração pro Quebec, meados de 2008. Se eu estiver falando demais pode ler o resto amanhã,rsrsrsrsrss. Enfim, começamos a nos preparar para tudo que viria, foi duro, muitas brigas, mitos desentendimentos. Mas superamos tudo com muita fé e amor. Definimos principalmente que não iríamos atrás de dinheiro e riquezas, mas sim de conhecimento, segurança, felicidade e realizações. Tenho certeza que sempre teremos o Brasil no nosso coração, por isso também não renegaremos a nossa pátria.
Dicas: Muita conversa, planejamento (a imigração não é comprar pão na padaria), foco e muito foco.
• Início do francês: Dica super-hiper-ultra-relevante: “Nunca estude com seu marido ou esposa, isso pode gerar uma bela separação ou no mínimo dois olhos roxos, rsrsrsrs”. Pois bem, começamos a estudar juntos num intensivo de janeiro e fevereiro de 2009, todos os dias da semana. Muito legal o intensivo, nos dava base para estudar francês em Montreal. Sim, decidimos conhecer o local onde vamos morar, para viagem contratamos curso de francês.
Dicas: nunca estudar juntos(foi a minha experiência), ler jornais e sites em Francês(viver o Francês)e escutar muita radio(RDI).
• Viagem a Montreal: O que mais me deixa lembranças é a saudade que fiquei de Montreal, parece que eu já morava lá há uns 10 anos. Tudo aquilo que imaginava de bom e mais um pouco. O povo: respeitoso, simpático e muito educado. Comida: poutini quebecoise é muito bommmmmmm, muito mesmooooooooo. Escola ILSC: Legal, me senti um colegial, nunca pensei que aos meus 29 anos me achariam quase um idoso, acho que o colega mais velho que eu tinha era de 18 anos. Os colegas: destaque especial para Shoryro, uma japa muito legal, não sabia inglês nem francês imagina a figura aprendendo... Só sei que na escola de tanta língua estranha chegava a sair ao invés de Merci: Mãrse. Neve: Quando deu -8º eu disse “CARA**************" QUE FRIO!!!, então começou a nevar. A neve é muito linda, pena que é fria. Muitas saudades de Montreal, nem parece que vamos morar lá.
Dicas: Muita roupa de frio, comer poutini e ir no Peel Pub.
• Entrevista: Gente, eu pulei a preparação para a entrada do processo pois a minha esposa já falou um pouco do assunto e no mais é só seguir as instruções, prefiro falar mais dos nossos sentimentos. Pois e entrevista foi um dos pontos altos do nosso projeto. Marcada para o dia 28/09/10 chegamos a São Paulo pela manhã e a entrevista era a tarde. Na sala de espera meu coração parecia que ia sair pela boca, a minha esposa estava mais tranquila(eu sou o requerente principal)achei que iria desmaiar. Acho que nunca rezei tanto na minha vida. Entramos na sala, a senhora muito simpática já foi chamando a minha mulher de “p*t.a”, ops! Pera um pouco, deixa eu explicar melhor. A entrevistadora disse que conhecia o nome da minha esposa, então ela "googlou" o nome dela para ver o significado, logo saiu em francês, “mulher da vida que vive da prostituição” daí eu pensei, FU*** tenho que bater nessa mulher, brincadeirinha, foi um início fenomenal, muito tranquilizador. O resto da entrevista correu perfeitamente (com o coração na boca) fora a hora do inglês, que ela me perguntou o que eu tinha feito ontem e eu respondi que a vida é linda e que tinha chegado em São Paulo no mesmo dia, enfim nada a ver com o pastel. No fim de quase uma hora e olha para nós dois e diz que fomos aceitos. Foi um frio na barriga e olhei para minha esposa, deu vontade chorar. Voltamos para casa uns 200kg mais leves.
Dicas: Não comer nada pesado, não chorar e não ficar nervoso pois é muito bom e e fácil.
• Documentação do Federal: Cara, achei a parte mais difícil (principalmente os AA dos outros estados) de todo o processo até agora, foi muito cruel, mas bem, a minha mulher colocou detalhadamente o que é necessário fazer.
Dica: Muita hora nessa calma.
• FRANCISATION EN LIGNE: De todo o processo acredito que a francisation foi a mais excitante. Fiz o teste, comecei no Bloco 01 e fiz alguns exercícios. No dia da aula virtual eu estava uma pilha e entrei uns 10 minutos antes e lá estava o professor me esperando e aos outros. Fiquei sem saber o que fazer mas logo meti um francês enrolado e tudo foi fluindo. Logo chegaram mais dois colegas um de Bogotá e o outro de Buenos Aires, muito louco. Quando me deparei que onde o professor estava (Sherbrooke) fazia -15º e em Brasília estava fazendo uns 20º a noite quase pirei a cabeça. Muito massa a aula virtual, todos falado francês e sendo elogiados pelo vocabulário e pela pronúncia, fiquei um pouco metido com essa aula. Quase 50 minutos falando francês com 3 pessoas de outros países e quem consegue dormir depois dessa? Fui até 1:00h da matina para diminuir a adrenalina. Uma das melhores experiências da minha vida.
Dicas: vá sem medo, use fone e microfone, muito silêncio e aproveite.
Impressões da esposa:
*Ele fala bastante palavrão mesmo!
*Tem um senso de humor fantástico!
*É super paciente, calmo, tem muito mais fé que eu!
*A minha mente não é tudo isso de sábia não...Tudo que fizemos, fizemos juntos, planejamos, batemos cabeça, discordamos e no fim nos entendemos...c'es la vie néam?
À bientôt!
P.S. Gente, eu ainda não descobri como faço pra trocar o autor das bobiças que a gente escreve, alguém me help?
Agora o marido deixou a preguiça de lado e resolveu começar a postar suas impressões sobre tudo e sobre todos...hehe
Voilà!
Oi pessoal, estou chegando agora. Peço desculpas a minha amada esposa por não ter escrito nada antes no nosso blog.
Já passamos por muitas coisas no processo de imigração, inicio do francês, ida ao Quebec, entrevista, preenchimento de documentação federal e agora o início da FRANCISATION EN LIGNE. A seguir falarei um pouco de cada assunto.
• A escolha de imigrar para o Canadá: Na vida todos temos sonhos e “sonho que se sonha junto é realidade”. Quando falo isso é porque eu e minha esposa sempre tivemos o desejo de morar em outro país, mas não sabíamos como. Eu cheguei a pensar em moral ilegal na Nova Zelândia, colhendo Kiwi, legal Né? Trabalhando e dormindo na rua, pois não sabia nada de inglês e nada sobre o país. Bem, ainda bem que mudei de pensamento, isso graças a ela(esposa). Quando um amigo disse ter vindo do Canadá e tinha adorado, pois eles davam muita oportunidade para os imigrantes, ops! Pensei em ir para lá ilegal mesmo e trabalhar por uns trocos e voltar para o Brasil. Legal né? Mas mais uma vez a mente sábia da minha esposa me fez refletir.BUMMMMMM. Foi aí que descobrimos o processo de imigração pro Quebec, meados de 2008. Se eu estiver falando demais pode ler o resto amanhã,rsrsrsrsrss. Enfim, começamos a nos preparar para tudo que viria, foi duro, muitas brigas, mitos desentendimentos. Mas superamos tudo com muita fé e amor. Definimos principalmente que não iríamos atrás de dinheiro e riquezas, mas sim de conhecimento, segurança, felicidade e realizações. Tenho certeza que sempre teremos o Brasil no nosso coração, por isso também não renegaremos a nossa pátria.
Dicas: Muita conversa, planejamento (a imigração não é comprar pão na padaria), foco e muito foco.
• Início do francês: Dica super-hiper-ultra-relevante: “Nunca estude com seu marido ou esposa, isso pode gerar uma bela separação ou no mínimo dois olhos roxos, rsrsrsrs”. Pois bem, começamos a estudar juntos num intensivo de janeiro e fevereiro de 2009, todos os dias da semana. Muito legal o intensivo, nos dava base para estudar francês em Montreal. Sim, decidimos conhecer o local onde vamos morar, para viagem contratamos curso de francês.
Dicas: nunca estudar juntos(foi a minha experiência), ler jornais e sites em Francês(viver o Francês)e escutar muita radio(RDI).
• Viagem a Montreal: O que mais me deixa lembranças é a saudade que fiquei de Montreal, parece que eu já morava lá há uns 10 anos. Tudo aquilo que imaginava de bom e mais um pouco. O povo: respeitoso, simpático e muito educado. Comida: poutini quebecoise é muito bommmmmmm, muito mesmooooooooo. Escola ILSC: Legal, me senti um colegial, nunca pensei que aos meus 29 anos me achariam quase um idoso, acho que o colega mais velho que eu tinha era de 18 anos. Os colegas: destaque especial para Shoryro, uma japa muito legal, não sabia inglês nem francês imagina a figura aprendendo... Só sei que na escola de tanta língua estranha chegava a sair ao invés de Merci: Mãrse. Neve: Quando deu -8º eu disse “CARA**************" QUE FRIO!!!, então começou a nevar. A neve é muito linda, pena que é fria. Muitas saudades de Montreal, nem parece que vamos morar lá.
Dicas: Muita roupa de frio, comer poutini e ir no Peel Pub.
• Entrevista: Gente, eu pulei a preparação para a entrada do processo pois a minha esposa já falou um pouco do assunto e no mais é só seguir as instruções, prefiro falar mais dos nossos sentimentos. Pois e entrevista foi um dos pontos altos do nosso projeto. Marcada para o dia 28/09/10 chegamos a São Paulo pela manhã e a entrevista era a tarde. Na sala de espera meu coração parecia que ia sair pela boca, a minha esposa estava mais tranquila(eu sou o requerente principal)achei que iria desmaiar. Acho que nunca rezei tanto na minha vida. Entramos na sala, a senhora muito simpática já foi chamando a minha mulher de “p*t.a”, ops! Pera um pouco, deixa eu explicar melhor. A entrevistadora disse que conhecia o nome da minha esposa, então ela "googlou" o nome dela para ver o significado, logo saiu em francês, “mulher da vida que vive da prostituição” daí eu pensei, FU*** tenho que bater nessa mulher, brincadeirinha, foi um início fenomenal, muito tranquilizador. O resto da entrevista correu perfeitamente (com o coração na boca) fora a hora do inglês, que ela me perguntou o que eu tinha feito ontem e eu respondi que a vida é linda e que tinha chegado em São Paulo no mesmo dia, enfim nada a ver com o pastel. No fim de quase uma hora e olha para nós dois e diz que fomos aceitos. Foi um frio na barriga e olhei para minha esposa, deu vontade chorar. Voltamos para casa uns 200kg mais leves.
Dicas: Não comer nada pesado, não chorar e não ficar nervoso pois é muito bom e e fácil.
• Documentação do Federal: Cara, achei a parte mais difícil (principalmente os AA dos outros estados) de todo o processo até agora, foi muito cruel, mas bem, a minha mulher colocou detalhadamente o que é necessário fazer.
Dica: Muita hora nessa calma.
• FRANCISATION EN LIGNE: De todo o processo acredito que a francisation foi a mais excitante. Fiz o teste, comecei no Bloco 01 e fiz alguns exercícios. No dia da aula virtual eu estava uma pilha e entrei uns 10 minutos antes e lá estava o professor me esperando e aos outros. Fiquei sem saber o que fazer mas logo meti um francês enrolado e tudo foi fluindo. Logo chegaram mais dois colegas um de Bogotá e o outro de Buenos Aires, muito louco. Quando me deparei que onde o professor estava (Sherbrooke) fazia -15º e em Brasília estava fazendo uns 20º a noite quase pirei a cabeça. Muito massa a aula virtual, todos falado francês e sendo elogiados pelo vocabulário e pela pronúncia, fiquei um pouco metido com essa aula. Quase 50 minutos falando francês com 3 pessoas de outros países e quem consegue dormir depois dessa? Fui até 1:00h da matina para diminuir a adrenalina. Uma das melhores experiências da minha vida.
Dicas: vá sem medo, use fone e microfone, muito silêncio e aproveite.
Impressões da esposa:
*Ele fala bastante palavrão mesmo!
*Tem um senso de humor fantástico!
*É super paciente, calmo, tem muito mais fé que eu!
*A minha mente não é tudo isso de sábia não...Tudo que fizemos, fizemos juntos, planejamos, batemos cabeça, discordamos e no fim nos entendemos...c'es la vie néam?
À bientôt!
P.S. Gente, eu ainda não descobri como faço pra trocar o autor das bobiças que a gente escreve, alguém me help?
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
"Vende-se tudo" ctrl/c ctrl/v
Achei esse texto da Martha Medeiros que eu adoro no blog Dire au revoir...
O texto é muito interessante e reflete direitinho o momento que estamos vivendo...o que levar realmente?
Enjoy:
" Vende-se Tudo (Martha Medeiros)
No mural do colégio da minha filha encontrei um cartaz escrito por uma mãe, avisando que estava vendendo tudo o que ela tinha em casa, pois a família voltaria a morar nos Estados Unidos. O cartaz dava o endereço do bazar e o horário de atendimento. Uma outra mãe, ao meu lado, comentou:
- Que coisa triste ter que vender tudo que se tem.
- Não é não, respondi, já passei por isso e é uma lição de vida.
Morei uma época no Chile e, na hora de voltar ao Brasil, trouxe comigo apenas umas poucas gravuras, uns livros e uns tapetes. O resto vendi tudo, e por tudo entenda-se: fogão, camas, louça, liquidificador, sala de jantar, aparelho de som, tudo o que compõe uma casa. Como eu não conhecia muita gente na cidade, meu marido anunciou o bazar no seu local de trabalho eesperamos sentados que alguém aparecesse. Sentados no chão. O sofá foi o primeiro que se foi. Às vezes o interfone tocava às 11 da noite e era alguém que tinha ouvido comentar que ali estava se vendendo uma estante.Eu convidava pra subir e em dez minutos negociávamos um belo desconto. Além disso, eu sempre dava um abridor de vinho ou um saleiro de brinde, e lá se iam meus móveis e minhas bugigangas. Um troço maluco: estranhos entravam na minha casa e desfalcavam o meu lar, que a cada dia ficava mais nu, mais sem alma.
No penúltimo dia, ficamos só com o colchão no chão, a geladeira e a tevê. No último, só com o colchão, que o zelador comprou e, compreensivo, topou esperar a gente ir embora antes de buscar. Ganhou de brinde os travesseiros.Guardo esses últimos dias no Chile como o momento da minha vida em que aprendi a irrelevância de quase tudo o que é material. Nunca mais me apeguei a nada que não tivesse valor afetivo. Deixei de lado o zelo excessivo por coisas que foram feitas apenas para se usar, e não para se amar.
Hoje me desfaço com facilidade de objetos, enquanto que torna-se cada vez mais difícil me afastar de pessoas que são ou foram importantes, não importa o tempo que estiveram presentes na minha vida.
Desejo para essa mulher que está vendendo suas coisas para voltar aos Estados Unidos a mesma emoção que tive na minha última noite no Chile. Dormimos no mesmo colchão, eu, meu marido e minha filha, que na época tinha 2 anos de idade. As roupas já estavam guardadas nas malas. Fazia muito frio. Ao acordarmos, uma vizinha simpática nos ofereceu o café da manhã, já que não tínhamos nem uma xícara em casa.
Fomos embora carregando apenas o que havíamos vivido, levando as emoções todas: nenhuma recordação foi vendida ou entregue como brinde. Não pagamos excesso de bagagem e chegamos aqui com outro tipo de leveza.Só possuímos na vida o que dela pudermos levar ao partir, é melhor refletir e começar a trabalhar o desapego já."
Texto de Martha Medeiros
O texto é muito interessante e reflete direitinho o momento que estamos vivendo...o que levar realmente?
Enjoy:
" Vende-se Tudo (Martha Medeiros)
No mural do colégio da minha filha encontrei um cartaz escrito por uma mãe, avisando que estava vendendo tudo o que ela tinha em casa, pois a família voltaria a morar nos Estados Unidos. O cartaz dava o endereço do bazar e o horário de atendimento. Uma outra mãe, ao meu lado, comentou:
- Que coisa triste ter que vender tudo que se tem.
- Não é não, respondi, já passei por isso e é uma lição de vida.
Morei uma época no Chile e, na hora de voltar ao Brasil, trouxe comigo apenas umas poucas gravuras, uns livros e uns tapetes. O resto vendi tudo, e por tudo entenda-se: fogão, camas, louça, liquidificador, sala de jantar, aparelho de som, tudo o que compõe uma casa. Como eu não conhecia muita gente na cidade, meu marido anunciou o bazar no seu local de trabalho eesperamos sentados que alguém aparecesse. Sentados no chão. O sofá foi o primeiro que se foi. Às vezes o interfone tocava às 11 da noite e era alguém que tinha ouvido comentar que ali estava se vendendo uma estante.Eu convidava pra subir e em dez minutos negociávamos um belo desconto. Além disso, eu sempre dava um abridor de vinho ou um saleiro de brinde, e lá se iam meus móveis e minhas bugigangas. Um troço maluco: estranhos entravam na minha casa e desfalcavam o meu lar, que a cada dia ficava mais nu, mais sem alma.
No penúltimo dia, ficamos só com o colchão no chão, a geladeira e a tevê. No último, só com o colchão, que o zelador comprou e, compreensivo, topou esperar a gente ir embora antes de buscar. Ganhou de brinde os travesseiros.Guardo esses últimos dias no Chile como o momento da minha vida em que aprendi a irrelevância de quase tudo o que é material. Nunca mais me apeguei a nada que não tivesse valor afetivo. Deixei de lado o zelo excessivo por coisas que foram feitas apenas para se usar, e não para se amar.
Hoje me desfaço com facilidade de objetos, enquanto que torna-se cada vez mais difícil me afastar de pessoas que são ou foram importantes, não importa o tempo que estiveram presentes na minha vida.
Desejo para essa mulher que está vendendo suas coisas para voltar aos Estados Unidos a mesma emoção que tive na minha última noite no Chile. Dormimos no mesmo colchão, eu, meu marido e minha filha, que na época tinha 2 anos de idade. As roupas já estavam guardadas nas malas. Fazia muito frio. Ao acordarmos, uma vizinha simpática nos ofereceu o café da manhã, já que não tínhamos nem uma xícara em casa.
Fomos embora carregando apenas o que havíamos vivido, levando as emoções todas: nenhuma recordação foi vendida ou entregue como brinde. Não pagamos excesso de bagagem e chegamos aqui com outro tipo de leveza.Só possuímos na vida o que dela pudermos levar ao partir, é melhor refletir e começar a trabalhar o desapego já."
Texto de Martha Medeiros
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